O que é ser livre?

Por  Laryssa Ribeiro





No dicionário, a palavra liberdade é definida como o direito de ir e vir, é a condição daquele que não é escravo, é sinônimo de independência, autonomia. Ser livre, portanto, é o estado daquele que pode mover-se fisicamente com liberdade. A Bíblia, em contrassenso, nos ensina que o conceito de liberdade vai muito além, e que é possível até mesmo encontrá-la, desafiando a lógica humana, em meio a prisões e algemas. Foi o que ocorreu com Paulo e Silas, na história contada no capítulo 16 do livro de Atos, quando eles foram lançados na prisão após terem sido acusados de perturbar a cidade com costumes que não eram comuns aos romanos (Atos 16:20-21).


Paulo e Silas, no entanto, não se deixando intimidar pelo cárcere, estavam orando e cantando hinos a Deus. Essa história é o exemplo mais clássico para nós de que de fato a liberdade não se limita aos movimentos, antes, trata-se de uma compreensão da mente do que se pode fazer e até onde se pode ir. Sabendo disso, e após ter sido frustrado na cruz do calvário das tentativas de fazer-nos escravos, Satanás precisou criar um "plano B", que consiste em tentar escravizar as nossas mentes, e desse modo, tirar-nos a liberdade conquistada por Jesus.

Pra início de conversa é preciso que você entenda de uma vez por todas que já não há mais condenação para os que estão em Cristo Jesus (Romanos 8:1). Mas e quando falhamos? O que é então aquela culpa que nos faz sentir tão mal quando pecamos? Certamente não é Deus! O inimigo das nossas almas utiliza de diferentes estratégias para nos destruir a depender da situação em que nos encontramos. Se eu ainda não nasci de novo, e portanto não decidi não pecar mais, não faz sentindo ele me acusar tentando me mostrar o quão mau eu sou por ter pecado, a melhor estratégia nesse caso é me convencer de que eu não estou pecando. No entanto, se eu já fui convencido pelo Espírito Santo dos meus pecados e dos efeitos deles sobre a minha vida, a melhor estratégia agora é tentar me acusar quando eu peco. Deus nunca faz isso!

Quando a Bíblia diz que o amor de Cristo nos constrange (2 Coríntios 5:14), ela não quer de modo algum dizer que esse amor ou a presença Dele nos faça sentir culpados ou envergonhados, no sentido que a palavra "constranger" costuma ser entendida. Ela quer dizer que o amor de Cristo nos convence, nos envolve de todos os lados, nos impele a ir em uma determinada direção. O oposto disso seria contraditório com o fato de que Ele nos atrai com benignidade (Jeremias 31:3) e que colocar fardos pesados sobre nós não é o seu modo de lidar conosco (Mateus 11:30).

Mesmo assim ainda temos uma enorme dificuldade de discernir todas essas vozes dentro de nós, talvez você acredite em mentiras sobre quem você é sem nem mesmo saber disso. Várias coisas podem nos roubar o desfrute dessa liberdade: a acusação, o medo, a religiosidade, a ignorância etc. Mas a boa notícia pra nos ajudar a discernir isso é que existe algo que somente pessoas livres podem fazer: adorar!

Isso mesmo, adorar! A adoração não foi feita para os mais corretos desfrutarem dela, se trata de um hábito que somente pessoas LIVRES podem ter. Os exemplos bíblicos pra isso são intermináveis: (i) o homem curado da lepra que voltou, louvando (uma das expressões de adoração) a Deus, para agradecer Jesus (Lucas 17:11-19); (ii) a mulher pecadora de que chorou aos pés de Jesus e o adorou ungindo-o com perfume (Lucas 7:38); (iii) a mulher que Jesus libertou a filha que estava endemoninhada (Mateus 15:26) etc. Agora um exemplo mais próximo e atual: Quantos de nós quando nos convertemos não nos sentíamos envergonhados de levantar as mãos no culto, por exemplo? Quantos de nós não se sentia digno de pedir algo pra Ele quando orávamos? Ou de fazer alguma coisa em nome Dele? Mas depois você entendeu que é filho, e que com o tempo, o seu relacionamento com o Pai faria os seus pecados serem vencidos um a um.

Contudo, nós sabemos que esse processo de santificação através do relacionamento com o Senhor por vezes é demorado e dolorido, às vezes, até frustrante. Nesses momentos, o inimigo das nossas almas se aproveita para colocar o seu "plano B" em prática, mesmo que já tenhamos entendido que ser livre em Jesus não guarda relação direta com a ausência de pecados, mas guarda com o arrependimento. E o arrependimento é produzido a partir do meu reconhecimento da necessidade de que o sangue de Jesus cubra os meus pecados juntamente com o convencimento gerado pelo Espírito.

A liberdade de que Paulo e Silas desfrutavam, além de não ser física, também não era fruto de autoconfiança, não era baseada na força deles nem em influência ou poder que tivessem, eles também não adoravam porque confiavam no quão santos eram. Eles eram livres porque entenderam quem os libertou! "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (João 8:36). Do mesmo modo eu e você podemos gozar dessa liberdade. Essa liberdade que não pode ser cerceada por cárceres físicos, que transcende a razão humana e que nos faz ser livres de dentro pra fora. E além disso, ainda transforma a realidade ao nosso redor.